O desenvolvimento infantil e a Mitologia

Os mitos, mais do que belas histórias para serem relembradas, também dizem muito sobre o pensamento e o crescimento do ser humano. O entendimento do desenvolvimento infantil diante da psicanálise, por exemplo, encontra bons paralelos e ilustrações dentro da mitologia.
Veja como esses temas se relacionam seguindo as 7 fases do desenvolvimento infantil, segundo Margareth Mahler:

1. Fase Autística
Durante o primeiro mês de vida, a criança não tem nenhuma forma distinção entre si mesma e qualquer outra coisa à sua volta, seja pessoa ou objeto. Essencialmente, tudo que ela sente provêm dela mesma, incluindo o abraço ou o seio da mãe.
Condizente com isso, o símbolo mitológico aqui é o mar, mas não uma história específica. A sensação de flutuar relembra o estado dentro do útero, num mundo onde não existe nada além do próprio ser. Não há noção de falta, pois ele ainda acredita ser tudo.

2. Fase Simbiótica
Depois do primeiro mês, até o sexto mês de vida, o bebê começa a perceber o seio como algo diferente de si mesmo, o que leva ao entendimento da figura da mãe como uma pessoa diferente. A ideia de ser tudo começa a se desfazer com esse reconhecimento.
A melhor analogia aqui é a história do nascimento de Afrodite. Ela surgiu da espuma após o falo de Urano ser jogado ao mar, já adulta, como a deusa da fertilidade, amor e maternidade. Ela surge desse mar infinito, se separando dele, assim como a mãe é reconhecida pelo bebê.

3. Fase de Desabrochamento
Entre os 6 e 8 meses, o bebê já reconhece a mãe como indivíduo, além de começar a notar as outras pessoas a seu redor. Isso o compele a explorar o mundo, sendo um momento delicado para formação da confiança, sendo importante estimulá-la da forma certa. Nesse momento, ela é mais comparável a Hermes, deus mensageiro e viajante, que busca novas interações.

4. Fase de Treinamento
Entre os 8 e 15 meses, a atenção da criança começa a se desviar da mãe em si para objetos que ela provém, como uma mamadeira ou cobertor. Estes objetos transacionais são usados para aliviar a tensão da separação entre a criança e a mãe, que deve continuar explorando o mundo por conta própria.
Esse estágio se assemelha às 12 Tarefas de Hércules. Todas as suas missões envolviam diretamente a ajuda de um dos deuses, assim como a exploração da criança ainda depende de uma pequena ajuda e estímulo por parte da mãe.

5. Fase de Reaproximação
Dos 15 aos 18 meses, a criança busca reestabelecer sua conexão com a mãe, reconhecendo também a presença do pai como alguém que disputa sua atenção. O poder de dizer “não” se faz presente, também sendo o momento de aprender a fazer concessões.
Esse estado se assemelha ao comportamento de Áries, deus da guerra, que demonstrava ciúmes e agressividade. Aprender a controlar estes impulsos é algo muito importante neste estágio.

6. Crise de Reaproximação
Dos 18 aos 21 meses, a criança percebe que, mesmo ausente, a mãe ainda pode ser encontrada. Tenta estabelecer mais controle, buscando chamá-la quando quer algo e depois se afastando para atender seus próprios interesses.
A história de Cronos é bem alinhada com isso. Numa tentativa de controlar seus filhos, ele os engoliu, impedindo que se rebelassem contra ele. Uma história da insegurança e necessidade de controle típicos desta fase.

7. Distância Ideal de Reaproximação
Até os 2 anos, com o desenvolvimento da linguagem, a criança começa a desenvolver sua própria personalidade e distinguir o certo do errado. Os padrões de suas relações objetais estão formados, o que leva à sua repetição em relacionamentos futuros.
Na mitologia, essa é uma história melhor representada por Zeus. Depois de eliminar seu pai, Cronos, e libertar seus irmãos, ele assumiu seu lugar, se portando como o mais poderoso, mas dependendo da aprovação e de autoafirmação, repetindo muitos dos erros já cometidos.
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