A Mitologia e as principais Estruturas

No Mito de Crono podemos perceber, no fato de engolir e guardar dentro de si os filhos, uma referência ao anal retentivo, característica do obsessivo compulsivo. Nota-se, também, o incentivo da mãe no movimento de confronto com o pai.

No Mito de Zeus temos um ser social que não conquistou o seu falo. Ele depende da aprovação dos demais para se sentir poderoso. Interessante observar que Zeus, enquanto histérico, em suas constantes conquistas sempre se apresenta como o objeto de desejo do outro. Para uma amante ele se apresenta como touro branco, para outra ele é um cisne branco, para outra ainda, uma chuva de prata… Interessante a relação entre histeria de conversão e as mudanças de forma física assumidas por Zeus.

Outra analogia interessante é a relação de Urano, pai de Cronus e, portanto, primeira geração, com a psicose. Ele nasceu só de Gaia e não teve pai. Urano não conheceu a lei do pai e se manteve ligado em permanente cópula com sua mãe numa eterna relação simbiótica.

Apesar de nos mitos citados não termos os filhos comendo o pai, é interessante observar que Cronus comia os filhos. Podemos então perceber que no totemismo, comer o pai primevo através do animal totêmico é também uma repetição da atitude do pai.

Em Totem e Tabu, Freud evidencia que tomou como base em sua exposição a existência de uma mente coletiva em que ocorrem processos mentais, exatamente como acontece na mente de um indivíduo. Em particular, ele supõe um sentimento de culpa que permaneceu ativo por milhares de gerações, mas admite que seria preferível evitar pressuposições desta espécie. Ele então argumenta que sem a pressuposição de uma mente coletiva, a psicologia social não poderia existir e, se cada nova geração fosse obrigada a adquirir novamente sua atitude para com a vida, não existiria progresso neste campo e quase nehuma evolução.

Segundo Freud, se pesquisarmos os neuróticos veremos que não foram atos que provocaram seu estado de desequilíbrio, mas tão somente pensamentos e emoções pretendendo fins malignos. São sempre realidades psíquicas e não realidades concretas que os definem. Como o que vem depois é que ressignifica o que veio antes, esta culpa ancestral também só será significativa se a experiência atual der significado a ela, reforçando-a.

Freud fecha sua investigação de Totem e Tabu com uma fala de Fausto de Goethe: “No princípio foi ato”.

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